10 jan O cálculo: como é feita a conta das emissões de CO2
O primeiro passo para quem quer emagrecer é procurar uma balança para saber quanto de gordura precisa queimar. Na redução de emissões dá para pensar de maneira semelhante.
Antes de cortar gastos extras com energia ou plantar árvores, muitas empresas procuram fazer um relatório de suas emissões. No Brasil, a realização de inventários ainda é uma atividade voluntária e, na maior parte das vezes, a empresa é assessorada por uma consultoria.
Há quatro anos no mercado, a Enerbio é composta por profissionais de áreas distintas, da Geologia à Engenharia Mecânica, e atende clientes de oito Estados brasileiros. O método utilizado para analisar as emissões é um dos mais difundidos e respeitados do mundo, o Greenhouse Gas Protocol. Ainda assim, a abrangência do estudo é uma decisão de cada empresa.
– É possível analisar apenas uma unidade do negócio durante um ano ou um mês – lembra Eduardo Baltar, sócio da Enerbio.
O GHG Protocol também divide as emissões em três tipos distintos. Apenas os dois primeiros (confira descrição abaixo) são obrigatórios para a efetivação do inventário. O terceiro, que abrange emissões de empresas terceirizadas, além de passagens aéreas de empresas privadas, gestão de resíduos e deslocamento dos funcionários até o trabalho, é opcional.
A compensação das emissões levantadas pelo inventário também é uma decisão da empresa. Nada obriga quem realiza a análise a reduzir as emissões ou compensá-las plantando árvores, comprando créditos de carbono ou investindo em energia limpa.
Mesmo assim, para Mauro Machado Júnior, engenheiro de produção mecânica e professor do curso de Gestão Ambiental da Unisinos, o método da GHG é eficiente e pode levar a redução de emissões futuras pela adoção de novas tecnologias:
– Há auditorias, como em uma certificação ISO. Com um relatório em mãos, é possível estabelecer metas.
Parte das críticas ao processo de compensação está ligada à não exigência de melhoria nos processos após o inventário. Sergio Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace, destaca que compensar não pode ser apenas um pedido de desculpas por ter poluído. Para ele, uma clareza nas normas de certificação e melhorias no processo produtivo seriam boas mudanças.
– Nem sempre compensar cura as feridas ambientais – reforça Leitão.
Os tipos de emissão:
Tipo 1 – São as emissões diretas. É contabilizado tudo que consome algum tipo de combustível e é de propriedade da empresa. Exemplos: veículos próprios, caldeiras, fornos, motores, incineradores, processos químicos e físicos, uso de HFC no ar-condicionado etc.
Tipo 2 – Todo o consumo de energia elétrica da empresa. Exemplos: equipamentos como lâmpadas e computadores.
Tipo 3 – São as emissões indiretas, geradas de forma terceirizada. Exemplos: são os mesmos do tipo 1, além da gestão de resíduos. A diferença é que aqui se encaixam as emissões geradas pela contratação de empresas prestadoras de serviços.
Matéria de capa do caderno Nosso Mundo Sustentável da Zero Hora no dia 10/01/2011
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