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É Hora de Agir

As discussões sobre mudanças climáticas e a recente Política Brasileira de Mudança do Clima, sancionada em 29/12/2009, com reflexo em regulamentações também no âmbito estadual, mostram que o clima se tornará uma importante variável no ambiente de negócios das empresas.

Alguns estudiosos afirmam que as mudanças climáticas devem ser encaradas como uma transição de mercado, com riscos regulatórios, legais, físicos e de reputação que atingem todos os setores econômicos, independentemente do nível de atuação da empresa.

Em toda mudança de mercado, existem riscos e oportunidades. Vencedores e perdedores. As empresas devem analisar quais os impactos dessas mudanças sobre seus negócios e como se posicionarão tendo em vista a postura de sua concorrência diante desse desafio.

O importante é agir. Ficar parado, esperando para ver o que acontece, não é, de maneira alguma, a melhor estratégia para o clima, para a sociedade e nem para os negócios de uma organização. O relatório do economista britânico Nicholas Stern já prova que o custo de não-ação é de longe superior ao custo da ação. Stern aponta que a não-ação proporcionará, no futuro, custos estimados de no mínimo 5% do PIB mundial, podendo chegar a 20% da economia mundial. Enquanto que o custo da ação poderá variar entre -1% e 3%do PIB mundial.

Obviamente, as mudanças climáticas não impactam os setores econômicos de maneira uniforme. Alguns serão mais atingidos do que outros, seja do ponto de vista dos impactos físicos que as alterações climáticas acarretam, seja pelas modificações que ocorrerão no mercado em que atuam.

Primeiramente, as empresas precisam compreender a sua exposição ao carbono. É importante conhecer o quanto seus produtos ou serviços e a sua cadeia produtiva emitem de gases de efeito estufa (GEE) até para se posicionar em termos de emissões em relação aos seus concorrentes. Para isso, é necessário o estabelecimento de ferramentas de medição e gerenciamento das emissões de GEE. O teor de carbono de seu produto ou serviço pode ser uma vantagem competitiva ou uma desvantagem.

Também é necessário obter uma compreensão de como os fenômenos climáticos podem afetar seus negócios. Prejudicará o fornecimento de algum insumo importante? Trará problemas para a logística? Afetará o suprimento de energia? Impactará seus ativos? Mudará o comportamento do consumidor?

Com eventos climáticos extremos mais frequentes, setores como agricultura, seguros e turismo já devem estar fazendo esses questionamentos. As perdas das empresas seguradoras em 2005, por exemplo, chegaram a US$ 99 bilhões devido a fenômenos climáticos extremos, principalmente nos EUA e na Europa.

A partir do conhecimento da exposição da empresa ao carbono, pode-se adotar ações de redução de emissões e desenvolver novas oportunidades de negócios. Geralmente ações de redução de emissões geram reduções de custos. É importante saber que muitas vezes não são necessários grandes investimentos para essas ações. Medidas simples de eficiência energética, melhoria de processo, mudanças de comportamento dentro da empresa e na cadeia de suprimentos podem proporcionar grandes resultados em redução de emissões.

Além disso, novas oportunidades de oferecimento de produtos e serviços de baixo teor de carbono podem ser avaliadas. É muito importante que as ações empresariais de combate à mudança do clima estejam conectadas ao core business da empresa. Mas, o fundamental mesmo nesse ambiente de mudança é agir. Agir por você, pelas gerações futuras e pelo seu negócio. Se você ficar parado, a concorrência agirá e você pode ser um dos mais afetados pelas mudanças climáticas.

EDUARDO BALTAR é diretor da Enerbio Consultoria, responsável por diversos projetos de créditos de carbono e estratégias empresariais de combate à mudança do clima. Criador do Programa Emissão Zero de Carbono, participou da COP-15 como membro da delegação brasileira. E-mail: eduardo@enerbio-rs.com.br

EDUARDO BALTAR

Matéria publicada na Zero Hora do dia 12/07/2010

Eduardo Baltar
eduardo@grupoecofinance.com.br
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