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Muita conversa em Cancún

Teve início sem grandes expectativas em 29 de novembro a COP-16, em Cancún, diferentemente de sua antecessora em Copenhague. Metas de redução de emissões, transferência de tecnologia, mecanismos financeiros para redução de emissões, créditos de carbono para conservação de florestas e anúncios públicos e privados de ações de combate às mudanças do clima são debatidos em diversos fóruns concentrados em um mesmo lugar reunindo representantes de mais de 190 países.

A secretária executiva da ONU que preside a Conferência, Christiana Figuerez, apelou, em seu discurso de abertura, para que os deuses maias abram a mente dos países cabeça-duras para se conseguir chegar a um acordo que substitua o Protocolo de Kyoto. Ela afirma que soluções concretas para o mundo só virão com compromissos sérios dos países.

EUA e China anunciaram, surpreendentemente, que mantiveram contatos pré-Conferência e que a China cederia, abrindo suas ações de redução de emissões para verificação externa, o que pode gerar uma disposição dos EUA em estipular metas de redução. O fato gerou um fio de esperança, mas que ainda não facilitou o andamento das negociações.

Os estados-insulares e os países menos desenvolvidos continuam urgindo pela adoção de responsabilidades maiores e mais concretas dos países ricos. As grandes economias em desenvolvimento, incluindo o Brasil, continuam aceitando assumir ações de redução de gases do efeito estufa, desde que voluntárias.

Os assuntos que evoluem com mais rapidez são um fundo de investimento de curto e médio prazo, de países desenvolvidos, para ações de combate às mudanças climáticas e incentivos para conservação de florestas (o chamado Redd), que podem beneficiar bastante o Brasil.

Uma maior clareza sobre a continuação dos mecanismos do Protocolo de Kyoto e os seus aperfeiçoamentos também estão evoluindo. Um mecanismo de apelação para as decisões do Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo parece estar próximo, o que é um alento para os desenvolvedores de projetos de créditos de carbono no Brasil.

O fato, contudo, é que o acordo de redução de emissões, que é o que o mundo espera, parece ainda distante de ser atingido. Isso traz dúvidas sobre a eficiência do método de negociação existente na ONU que pressupõe o consenso.

Contudo, ainda temos alguns dias de discussões. Muita coisa pode rolar. Fique atento e acompanhe mais notícias em www.grupoenerbio.com.br/blog

*Eduardo Baltar é colaborador, por meio de artigos, do Nosso Mundo. É diretor da Enerbio Consultoria, responsável por diversos projetos de créditos de carbono, e membro da delegação brasileira na COP-16.

EDUARDO BALTAR*

CURIOSIDADES DO EVENTO
> Com o clima úmido e quente, que varia entre 18ºC e 26ºC , a ONU liberou os participantes da COP-16 de utilizarem trajes formais. O curioso é que foi indicado o uso das “Guayaberas”, roupas típicas da região mexicana.
> Fontes alternativas de energia e de transportes estão sendo valorizados na COP-16. Energia eólica e solar, veículos elétricos e híbridos, bicicletas e ônibus ecológicos, além da compensação de emissões de carbono. Todas essas estratégias vêm sendo adotadas pela organização da COP-16 para dar o exemplo.

Matéria publicada na Zero Hora do dia 06/12/2010

 

Eduardo Baltar
eduardo@grupoecofinance.com.br
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